Orelha de "O centro do círculo", de Leopoldo Comitti


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Em O centro do círculo, Leopoldo Comitti demonstra a consolidação de uma mitologia pessoal, engendrada inicialmente no livro anterior, A mordida do cordeiro. Logo de saída, no primeiro poema, descemos ao inferno com o eu lírico numa releitura do canto I de A divina comédia, de Dante Alighieri, à qual se misturam elementos do Hades dos antigos gregos. O inferno, neste caso, é toda uma paisagem psíquica em que se manifesta não a culpa cristã, mas uma ambígua nostalgia por um passado que se apresenta à memória como os escombros das experiências vividas. E o livro inteiro, aliás, revela a tentativa de se edificar a partir de ruínas; de se recompor, por meio da forma poética, a unidade de um eu dilacerado pela consciência das contradições inerentes à situação de ser e estar no mundo, em fricção permanente com o tempo. Trata-se de reunir, no centro sempre cambiante de um círculo imperfeito, os fragmentos dispersos da vida.

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